Carlos Cano «Voces para una Biografia» em VRSA

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Amaranta Cano, filha de Carlos Cano apresentou em Vila Real de Santo António o livro «Voces para una Biografia», edição original espanhola, com textos de Omar Jurado e fotografias de Juan Miguel Morales, dedicado à vida do pai, granadino e renovador da «copla», género musical em Espanha.

A cerimónia aconteceu ontem à tarde, na Biblioteca Municipal Vicente Campinas. Na mesa, a acompanhar a filha do artista andaluz, estiveram as vereadoras da cultura de Vila Real de Santo António e Ayamonte, respetivamente Conceição Pires e Remedios Sánchez Rubiales e o editor Ángel Rio.

Conceição Pires, traçou uma curta biografia do cantor, nas suas vivências como poeta, cantor, artista, nascido em Granada em 1946. Lembrou a participação de Carlos Cano, no período da transição espanhola da ditadura para a democracia e de homem de ideais de liberdade absolutamente vincados, e que a sua ação como compositor atravessou a fronteira espanhola, não apenas nossa direção, mas também a na da América Latina.

A vereadora fez referência à icónica canção de Carlos Cano, onde a cidade de Vila Real de Santo António é miticamente recordada, pelos amores de Maria com um contrabandista espanhol, uma ficção imortalizada por Carlos Canos em 1986, sobre acontecimentos reais ocorridos no ano de 1985, quando Juan Flores, natural de Ayamonte, foi abatido nos esteiros do Sapal de Castro Marim, ao contrabandear duas caixas de camarões para pagar as bonecas que ia comprar, para oferecer às filhas como prenda do Dia de Reis.

Angel del Rio relevou o facto do livro estar a ser apresentado pela primeira vez em Portugal na cidade de Vila Real de Santo António, «local emblemático na geografia de Carlos Cano». Relevou que o cantor tinha uma vinculação muito forte com Portugal, a sua música e artistas e disse ter ele bebido e se alimentado da música portuguesa, dos nossos poetas, e que o julgava devedor à música de José Afonso e de Amália Rodrigues. Disse que Amália era muito amiga da irmã, Pilar del Rio e de José Saramago. Revelou ter descoberto que existiu um projeto de produzir um álbum discográfico com a participação de Carlos Cano e Carlos do Carmo. «Teria sido fabuloso, mas desgraçadamente já se foram», lamentou.

«Maria la Portuguesa está no Olimpo das grandes coplas sentimentais que fazem parte do imaginário de muitas gerações de espanhóis e até de outras nacionalidades, ao nível de «Ojos Verdes» ou «La bien pagá). Assim, Vila Real de Santo António e Ayamonte fazem parte de uma rota sentimental das gentes que por aqui vão vir em demanda dessa pegada de «Maria la Portuguesa, que, ainda que sendo uma ficção, é uma canção de amor brutal e, ao mesmo tempo, um abraço da Andaluzia com o Algarve e de Espanha com Portugal», destacou.

Ángel del Rio acredita que terá sido essa a intenção de Carlos Cano, quando escreveu a canção e até entende que, com um bom guião se poderia fazer um filme com o argumento servido pelas paisagem tão bonitas e cheias de luz desta região.

Amaranta Cano lembrou o pai como homem de uma timidez galopante. Disse estar emocionada com o fato de estar em Vila Real de Santo António depois de no dia anterior ter estado em Ayamonte. «Maria la Portuguesa», para mim, significa Amália Rodrigues, porque a via lá por casa quando me levantava pela manhã a ouvir Amália na minha casa, ouvir discos, ver fotografias, capas de albuns,

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Intervenção de Amaranta Cano na Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António na apresentação de «Voces para una Biografia»

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