PCP realizou em Faro a X Assembleia da DORAL

x assembleia pcp algarve

Realizou-se hoje em Faro, a X Assembleia da Organização Regional do Algarve ponto alto do percurso de discussão sobre a situação da região, colocando em destaque «a importância do reforço do Partido»

Realizou-se hoje em Faro, a X Assembleia da Organização Regional do Algarve ponto alto do percurso de discussão sobre a situação da região, colocando em destaque «a importância do reforço do Partido»

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, salientava as «dificuldades com que vive a população algarvia resultantes das opções políticas nacionais que se expressam em todo o país».

Aludiu facto do Partido Socialistas, ter rejeitado mais de 400 propostas do PCP, isoladamente ou com a companhia de PSD, IL e Chega.

No entender de Paulo Raimundo, essas propostas eram necessárias e se tornam cada vez mais urgentes, para o País e para o Algarve. O secretário-geral do PCP mostra-se convicto que «com confiança, ânimo e esperança, com outros democratas e patriotas, o PCP não desiste do caminho da alternativa que se coloca ao serviço do Algarve, dos trabalhadores, do povo e do País».

Vasco Cardoso, atualmente responsável pela organização regional do PCP no Algarve, deu nota aos delegados de que a Assembleia culminava «Uma preparação que foi marcada ao longo de 2022 pela realização de 9 Assembleias de Organização Concelhias e que se articulou e beneficiou da realização da Conferência Nacional do partido que decorreu no passado mês de Novembro».

Vasco Cardoso
Vasco Cardoso

A este período acrescendo o de envolvimento «quer a preparação da Conferência e, já nesta fase final de preparação da X Assembleia, podemos dizer que no Algarve, foram realizadas mais de 50 reuniões plenárias e de organismos, envolvendo mais de 600 presenças de membros do Partido e que testemunham uma opção diferente de intervenção política, baseada nos princípios de funcionamento democrático do nosso Partido e que têm, na participação livre e consciente de cada militante, um dos principais garantes da sua força e influência».

Para o dirigente comunista, «o traço mais significativo que sobressai é a enorme fragilidade do tecido económico regional face aos impactos, crises e aproveitamentos que marcaram estes 4 anos e que traduzem as consequências de um desenvolvimento anárquico das forças produtivas, a excessiva dependência (cada vez mais agravada) de um único sector económico (o Turismo), a desvalorização das atividades produtivas, a fragilização dos serviços e do investimento público, a aposta num modelo de baixos salários e precariedade, o domínio do grande capital sobre os principais sectores económicos na região».


Disse que, no espaço de uma década, primeiro com a concretização dos PEC’s e do Pacto de Agressão das Troikas, depois com os impactos e aproveitamentos resultantes da pandemia, «a região do Algarve, já fragilizada por décadas de política de direita, foi sacudida por duas violentas crises que se traduziram, mais do que em qualquer outra região do País, em quebras significativas do PIB, do emprego, dos salários e no aumento das falências, da pobreza e de outros flagelos sociais».


A degradação da situação económica e social que se verifica neste final de 2022, resultante dos impactos e aproveitamento da guerra e das sanções e da ausência de respostas do Governo, fazem novamente temer pelo futuro da região, uma vez que as suas principais vulnerabilidades não só não foram corrigidas como se têm vindo a aprofundar, no seu entender.


Valorizou o facto de a par da região de Lisboa, o Algarve, ter sido a única que viu aumentar a sua população nos últimos 10 anos, mas com a nota de que existe «Um crescimento ainda assim desigual no contexto regional – pois cinco concelhos perderam população – e que foi, está a ser, fortemente influenciado pelo crescimento da população estrangeira, incluindo trabalhadores imigrantes oriundos de diferentes latitudes». Considerou que a questão dos salários revelou-se em todo este período como uma questão central para o desenvolvimento regional.


O PCP também confirma que houve um crescimento significativo do turismo, com mais turistas, mais passageiros, mais dormidas, mais receitas, mesmo descontando os anos da epidemia, mas que não é menos verdade que esse crescimento que foi alcançado não se refletiu de forma justa, uma vez que os níveis salariais existentes na região no sector do turismo confirmam que «em 2021 o salário real destes trabalhadores era ainda inferior ao que se registava em 2011».


A precariedade transformou-se na porta de entrada, mas também, na porta de saída de milhares de trabalhadores que vivem na intermitência da vida. As empresas de trabalho temporário passaram a ser os negreiros dos novos tempos, vendendo mão de obra barata, à semana, ao dia e até à hora. Baixos salários, precariedade, desemprego é este o circuito para onde são atirados milhares de trabalhadores algarvios. E para onde vai então a riqueza criada pelo sector do turismo? Infelizmente, uma parte cada vez maior, nem fica no Algarve e nem sequer fica no País. São as grandes agências de viagens, as companhias aéreas, as empresas que controlam as infraestruturas, os bancos dos quais dependem centenas de MPME, as grandes cadeias de hotéis, dominados pelo capital estrangeiro, que ficam com a parte de leão. E até, as milhares de micro, pequenas e médias empresas que são grande parte do tecido empresarial regional são cada vez mais esmagadas pelo peso dos grupos económicos. Ora isto significa que o principal confronto de classes que se trava região é entre as aspirações dos trabalhadores e de outras camadas e a gula insaciável dos monopólios.
Temos ouvido, ao longo destes anos, da parte de alguns representantes das grandes confederações patronais, a ideia de que não há mão de obra na região. Uma afirmação ainda mais inquietante, quando sabemos que existem milhares de trabalhadores desempregados. Queremos aqui desvendar então o mistério. Experimentem aumentar os salários, pagar horas extraordinárias, fazer contractos de trabalho que tenham em conta que os trabalhadores e as suas famílias também comem durante o inverno, assegurar uma carreira e categorias profissionais e estamos certos de que esse misterioso desaparecimento dos trabalhadores deixará de existir.

«Esta realidade regional, mostra igualmente o papel do Governo e a sua submissão aos interesses do grande capital que festeja todos os dias a maioria absoluta que o PS entretanto alcançou».

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