Residencial para doentes com demência em Castro Marim

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Uma parceria entre a câmara municipal de Castro Marim e a Santa Casa da Misericórdia local transformará em lar a antiga fábrica de Pinhão, na sede do concelho.

Arquitetonicamente convertida numa casa algarvia enorme, mas tradicional, com paredes brancas e dois grandes pátios interiores, receberá 70 utentes que sofram de qualquer demência.

Francisco Amaral, médico e presidente da câmara, em declarações ao Postal diz ser a maior estrutura do género a sul do rio Tejo e que este novo lar vai ser diferente e que a abordagem à doença deve passar pela reabilitação e estimulação cognitiva, investindo nas terapias não farmacológicas.

Terá uma mercearia rodeada de mesas viradas para o jardim onde os idosos podem ir comprar um bolo ou uma maçã, fazendo treino cognitivo, porque, na maior parte dos casos, ao dar entrada num lar, as pessoas deixam de mexer em dinheiro, deixam de ir ao supermercado ou aos correios e essas atividades instrumentais da vida diária vão-se perdendo, comprometendo a autonomia e a autoestima”.

A estimulação dos utentes vai passar muito por desenterrar as memórias primordiais, que nem o tempo costuma apagar. Por isso, no coração desta estrutura residencial para idosos vão estar dois jardins interiores. Num deles, alfarrobeiras e amendoeiras ajudarão a trabalhar a reminiscência dos utentes. A ligação à terra, aos cheiros e ao imaginário tradicional, que terá acompanhado a maioria destes idosos desde o berço.

No outro pátio, vai surgir um jardim sensorial, com um espelho de água e diferentes níveis, para que tanto alguém numa cadeira de rodas, como com boa mobilidade possa trabalhar os diferentes sentidos e uma pequena horta biológica com o foco na reminiscência, uma vez que muitas destas pessoas têm as suas origens no campo e mexer na terra permite trabalhar a parte cognitiva e a memória”.

Prevê-se que no vizinho mês de julho o espaço receba os primeiros equipamentos e mobiliário para equipar salas de arrumos, casas de banho, lavandaria, cozinha e um refeitório cheio de luz. Do lado de lá dos dois pátios interiores há várias salas e gabinetes. No primeiro andar, 34 quartos cheios de sol serão a zona de descanso dos 70 utentes, que até ao final do ano terão de ocupar todo o piso superior.

Todo o edifício está pensado no acolhimento a pessoas com necessidades especiais. Para ajudar no reconhecimento do espaço mais íntimo reservado a cada utente, à porta dos aposentos não estarão números ou nomes. A fotografia de um cão, de uma árvore ou qualquer elemento visual que esteja ligado à vida e ainda presente na memória do idoso, será o sinal personalizado a mostrar a entrada de cada um.

A segurança dos utentes vai ser assegurada através de um apertado controlo de acessos, garante Gustavo Vera. O engenheiro responsável pela obra, que é também o vizinho da frente, que mora no outro lado da rua, explica “ as saídas são todas controladas por uma central. Só entra e sai de determinados sítios quem tiver um código. As pessoas não podem ir para as escadas ou para a rua sem que percebamos”.

Foto: Telma Gaspar - Instagram

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