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Padre Miguel Neto da Diocese do Algarve defende emigrantes

Homem ao lado de banner "Pastoral do Turismo".
Numa nota da agência Ecclesia, o padre Miguel Neto defende que não aceitar quem quer trabalhar e viver no nosso país é começar a trilhar o caminho perigoso de que «mais vale uma boa máquina a uma qualquer pessoa»!

E lembra que há mais de cem anos, vimos aonde isto no levou, no pico da Revolução Industrial, salientando que devemos ter memória e valorizar as pessoas.

Para o Padre Miguel Neto, «a dimensão e caracterização do trabalho está a mudar e nós, Igreja, temos de valorizar o fazem as pessoas, sejam elas vindas de qualquer país, oriundas de qualquer povo. Fazem falta TODOS!»

E, como exemplo, pergunta: «em tantas IPSS, sobretudo aquelas que estão em lugares distantes dos centros urbanos, quem trabalharia na assistência direta aos utentes, se não fossem os imigrantes? Urge que a Igreja fale sobre esta nova dimensão do trabalho humano, talvez com uma encíclica na linha do que foi feito em 1981, com a Laborens Exercens e antes, com a Rerum Novarum».

Diz que hoje assistimos a uma polarização, na qual participamos falamos e criticamos, «sem tantas vezes repararmos, não só quem esta ao nosso lado, como também em quem nos presta um serviço, tantas muitas vezes tão discretamente, que nem damos por que o façam»

Para o clérigo da Diocese do Algarve, «Os imigrantes que acolhemos nos nossos países não sabem só servir às mesas, limpar as nossas casas e estabelecimentos (como tantos portugueses imigrantes fizeram na França), serem taxistas ou motoristas de Uber/ TVDE (como tantos portugueses imigrados na França, que foram taxistas); são pessoas que têm vida, que desconhecemos, mas que inclui uma família, uma formação e a busca de uma existência melhor, tantas vezes, não só financeiramente, mas sobretudo de paz, segurança e condições para estar melhor».

Recorrendo ao processo histórico recorda o caso do nosso pais e sobretudo o Algarve que «sempre foi um espaço de tolerância religiosa e cultural. Prova disso é, precisamente, o facto de a conquista desta região a sul ter sido mais um ato político, do que o sentir do povo que aqui vivia. Havia um salutar convívio entre cristãos, muçulmanos (na sua maioria vindos do Iémen) e judeus, até à conquista, pelo Rei Afonso III. Vários factos apontam para isso mesmo: o rito Moçárabe, no qual eram feitas as celebrações cristãs, o respeito enorme que os muçulmanos tinham pela igreja do Corvo em Sagres, onde repousavam as relíquias de São Vicente, antes de serem levadas pelo Rei Afonso Henriques e os múltiplos relacionamentos mistos, que havia entre os vários povos aqui presentes. Distante e ignorado pelo desejo de conquista da nobreza, a gente do al-Gharb vivia e convivia em salutar paz e tolerância, nestas terras. Infelizmente, não tem recordação dessa memoria. Infelizmente, não temos recordação da necessidade que o povo português teve de ir para fora do seu pais, para melhorar a sua condição de vida. Agora, neste tempo, quase que preferimos as máquinas às pessoas».

E, nas reflezou que faz sobre os dias de hoje diz-se entristecido e estar à espera de «um dia, ouvir alguém dizer que prefere ir a uma caixa automática de supermercado, do que ir a uma caixa de supermercado onde há um operador oriundo da América do Sul, do Médio Oriente, de África, ou da Ásia».

Para defender a participação dos emigrantes na economia do nosso Pais recorda que «Se não valorizarmos o trabalho que os imigrantes que recebemos fazem, chegará o momento em que o nosso próprio trabalho vai estar em perigo. Cada vez tenho mais certeza disto».

Tece depois considerações sobre a inteligência artificial e os usos que os homens estão a fazer, para de livrarem de pagar o trabalho que substituem pelo desempenho das máquinas, com todos os riscos que essas atitusdes comportam.

E exemplifica: «As portagens não ficaram mais baratas por passarmos com o dispositivo da via verde, em vez de termos um portageiro a quem damos o cartão bancário para pagar; as compras no supermercado (ou outra superfície comercial multinacional) não ficam mais baratas por sermos nós a fazer o trabalho de um operador de caixa; os seguros, comunicações e eletricidade não ficam mais baratos, porque em vez de uma pessoa nos atender o telefone temos um Chat Bot a adivinhar o que queremos e, normalmente, ficamos sem resposta; os bancos não cobram menos comissões bancárias por, muitos deles, já não terem caixas com funcionários para depositar e levantar dinheiro».

jestevaocruz

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