Assinalados com relevo os cem anos do Farol de Vila Real de Santo António – reportagem

100 anos do farol de vrsa

Álvaro Araújo e Noronha de Bragança descerraram a placa dos 100 anos.

Álvaro Araújo e Noronha de Bragança descerraram a placa dos 100 anos.

O descerramento de uma placa comemorativa dos cem anos de entrada em funcionamento do farol de Vila Real de Santo António, ao fim da manhã de 20 de Janeiro deste 2023, pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Álvaro Araújo e pelo contra-Almirante Noronha de Bragança, assinalaram com a devida solenidade o momento alto das celebrações.

As intervenções foram realizadas no pátio do Farol, perante a presença de público convidado e de autoridades civis e militares, com destaque para o contra-Almirante Noronha de Bragança, o diretor de faróis capitão de Mar e Guerra Miranda de Castro, o chefe de Departamento Marítimo do Sul, Capitão de Mar e Guerra Santos Pereira, o capitão do Porto de Vila Real de Santo António, capitão de Fragata Afonso Martins, a presidente da Assembleia Municipal Célia Paz, membros do executivo municipal, o presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, o diretor regional da Agricultura, o vereador da Câmara Municipal de Castro Marim, os presidentes das juntas de freguesia de Vila Real de Santo António e de Monte Gordo, o Comandante Naval do Huelva e os três faroleiros que trabalham e cuidam 24 horas por dia do farol, Furtado Pacheco, o faroleiro chefe, Boto Caetano e Pereira Fatal.

Discursos com o Farol em fundo

Noronha de Bragança, depois de agradecer ao presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, em nome de todos os que servem regional e localmente na Autoridade Marítima Nacional, lembrou o apoio que «esta região de secular ligação ao mar tem continuadamente disponibilizado às mulheres e homens que servem o país e os portugueses, na Autoridade Marítima Nacional»

Agradeceu a presença na cerimónia de «ilustres representantes do reino de Espanha, o que honra este ato e o qual entendo como um sinal de amizade entre os nossos povos e as nossas autoridades marítimas».

O contra-Almirante destacou o fato de o farol de Vila Real de Santo António, farol mais a leste de todos os faróis de Portugal, «com uma imponência única devido à sua altura e espaços que o rodeiam, constitui-se como um património arquitetónico e de engenharia importante na região, perfeitamente integrado na malha urbana desta cidade e o senhor presidente se me permite, pela experiência que tive ontem, também no coração de todos os que habitam nesta cidade».

O militar referia-se à tertúlia da tarde anterior, onde participaram Fernando Pessanha, Neto Gomes e José Cruz e o público que ocupou a sala do Arquivo Histórico Municipal, António Rosa Mendes, a que nos referiremos noutro artigo.

«Passados cem anos e após várias alterações, modificações e modernizações, recorrendo a automatismos e sucessivos aperfeiçoamentos tecnológicos, não podemos esquecer todos aqueles que garantiram, que continuam a garantir, o contínuo funcionamento deste farol e de todos os outros cinquenta e dois faróis do nosso país.», continuou, enaltecendo, depois, a presença dos «faroleiros que aqui habitam com as suas famílias e garantem a manutenção técnica dos assinalamentos marítimos da região, bem como da preservação do conjunto edificado que constituem estas instalações».

Sublinhou «a significativa especificidade da profissão de faroleiro, única pela natureza do contexto geográfico e tipicidade e a sua multidisciplinaridade de ações que a mesma implica».

Destacou ao presidente da câmara municipal o fato de a autoridade marítima nacional e os seus órgãos centrais e locais contarem com o apoio das autarquias em que se inserem e deu como exemplo «a receptividade evidenciada para com este evento, com as atividades já desenvolvidas e que irão decorrer nas próximas semanas em comemorações deste centenário com atividades culturais e desportivas várias, mantendo viva esta ligação da comunidade ao seu farol»

Asseverou que a autoridade marítima honrará o compromisso de permanente cooperação que tudo fará para «manter a dignidade estrutural deste farol, acompanhando a evolução natural e tecnológica que as regras internacionais determinarem e a segurança marítima o exigir».

público presente nos 100 anos do farol
publico presente nos 100 anos do farol

As palavras de Álvaro Araújo, presidente da Câmara Municipal

O presidente do executivo municipal começou a pedir uma grande salva de palmas de reconhecimento pelo trabalho que desenvolvem os faroleiros e por designar o dia como «especial» para Vila Real de Santo António.

Considerou o farol como património material e imaterial da cidade, um símbolo e um marco da nossa história que «escreve-se com homens e mulheres, mas também se escreve com edifícios e com tudo o que eles representam».

«A história de Vila Real de Santo António está e estará eternamente ligada ao mar, que é o ponto de partida e de chegada de embarcações e de pessoas. Pessoas que, ao longo dos séculos, se cruzaram aqui e fizeram da nossa terra um ponto de confluência de gentes e culturas. O mar foi e ainda é o sustento de várias famílias, que todos os dias esperam pelos barcos da pesca que regressam a terra firme, guiados pela luz do nosso farol e repletos de peixe e de histórias para contar»

Sublinhou que a construção do edifício do Farol foi o resultado de vários anos de discussão, sobre a necessidade de ele existir como foco orientador das embarcações e a forma como poderia assentar sobre o terreno.

«Em janeiro de mil novecentos e vinte e três, numa época de ouro em que as fábricas conserveiras alavancavam o tecido económico vila-realense, o farol impôs-se no céu, a quarenta e seis metros do solo, numa torre circular imponente que marcou para sempre a malha urbana de Vila Real de Santo António. Pensamos num farol, pensamos imediatamente na luz que dele emana. A luz que assume um ponto de referência para todos os barcos, numa longa distância, e que é capaz de os guiar até casa. Os vilarealenses vivem ao longo do último século com a presença dessa luz incandescente. A luz que é detentora da esperança de regressar a casa e de rever quem amamos».

Sublinhou ser essa a principal função do farol com capacidade de guiar e de trazer a casa quem anda no mar. «Essa luz é que se opõe às trevas, que é reconfortante para quem avista e foi avistada durante os últimos cem anos por milhões de pessoas no mar e em terra. De Castro Marim a Ayamonte, o rasto de luz do nosso farol cumpriu e cumpre a missão para a qual estava destinado. Trouxe a luz onde havia trevas, encontrou quem estava desencontrado. Uniu quem estava separado. Por isso, hoje, em nome do município de Vila Real de Santo António, onde a cidade iluminista se enche de luz, reitero a importância que o Farol assume como património da nossa cidade, não só do ponto de vista marítimo, mas também, do ponto de vista urbano, como parte integrante da estrutura da cidade

O presidente da câmara vincou, ainda, a importância da Autoridade Marítima Nacional e do capitão do Porto, que têm desempenhado um papel muito fundamental em tudo o que diz respeito ao concelho, reiterando que «este executivo municipal está ao vosso lado e disponível, desde a primeira hora, para colaborar convosco, sempre em prol do desenvolvimento e da segurança de Vila Real de Santo António e do seu território, seja Marítimo seja terrestre».

André Ramos abrilhantou a cerimónia
andre ramos nos 100 anos do farol 1

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