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Conservas aromatizadas produto de Vila Real de Santo António

Real Filets
Na Zona Industrial de Vila Real de Santo António há uma fábrica de conservas de tipo novo, a laborar para paladares mais sofisticados, os mesmos tipos de peixe que, ao longo dos séculos, têm sido o capturados na costa algarvia.

Como é conhecido da história local, as conservas de peixe começaram pelas salgas, refinadas pela sofisticação catalã, pela descoberta da pasteurização e, mais tarde, pelo enlatamento em azeite.

O novo processo, que faz o requinte dos consumidores espanhóis, para os quais, de momento, está a ser conduzida oitenta por cento da produção, e consiste em acrescentar à segurança da salga, o sabor do fumado, em forno apropriado para o efeito ou a frio, criando um novo e requintado sabor que atenua a rispidez do sal.

O produto já está à venda em cadeias como a Pingo Doce e Auchan, na cadeia algarvia Apolónia e nos supermercados Intermarché do Sotavento. Há capacidade para aumentar a produção e duas novas naves operacionais estão prontas para entrar em funcionamento, caso seja necessário aumentar a produção.

A Sociedade de Pescas Pelágicas 

Visitámos a unidade e conversámos com Paulo Carvalho e Carlos Benjamin Carvalho e as declarações que se seguem relativamente à empresa, foram colhidas de ambos, em relação ao conhecimento da fábrica e das suas origens.

«Há, primeiro, o processo produtivo da sardinha fumada. Portanto, é a novidade que é introduzida por esta sociedade, aqui em Vila Real de Santo António,  porque nós, no nosso mercado, só temos tido conserva tradicional e a conserva fumada tem origem praticamente nos países nórdicos», começou por nos dizer Benjamim, acrescentando: «Eles fumam a sardinha à lareira».

Dizemos que vimos para dar conhecimento aos nossos leitores  principalmente das novidades e o que a empresa entende ser possível dar a conhecer ou divulgar no mercado e também sobre as dificuldades que, sendo conhecidas, permitam a tomada de medidas  para ajudar a ultrapassar.

Vamos falar da fábrica, que é uma unidade produtiva, e mais do produto produzido.  É uma unidade grande e não o parece de fora e temos aqui uma unidade produtiva bastante importante em Vila Real de Santo António da qual deve ser dado conhecimento à população, observámos.

«Pois sim, é uma das poucas indústrias cá em Vila Real de Santo António, em especial nesta área que é mais nossa, que é a área do mar que se perdeu muito na nossa terra», disse-nos Carlos Benjamim e falou-nos da perda da transformação do pescado, em especial do atum, com a infelicidade da morte de Dâmaso, um vizinho. «Eles ainda continuam a vender um produto, mas  já não é produzido ali». Mostrou-se satisfeito pela continuidade da unidade, mas triste porque acabou o desmancho do peixe no local, processo conhecido por ronqueamento. Agora, «compram as peças já desarmadas que lhes são necessárias para a laboração».

A Sociedade não vende para o mercado local, não tem venda ao público do atum. «Vai para Espanha, principalmente. A Espanha representa oitenta por cento do nosso negócio, são os consumidores fundamentais. No mercado que temos em Espanha a restauração e a hotelaria são os destinatários. Aqui, no nosso mercado, é a venda direta ao público basicamente nos supermercados, nas grandes superfícies, já estamos em quase todas, já fizermos contrato com o Pingo Doce, vamos começar a fornecer o Pingo Doce e estamos a fornecer Corte Inglês», explica Paulo de Carvalho.

Em Vila Real de Santo António e Monte Gordo também vendem para o Intermarché, locais. Conseguiram dar satisfação às exigências com que foram escolhidos, cumpriram todas e, no setor da distribuição, neste momento, têm o mercado assegurado.

«Aqui, em relação ao processo produtivo dos trabalhadores, a produção conta comigo e mais cinco e temos  sócio presidente e, ainda,  uma funcionária na na nossa loja, nas costas deste armazém (Lote 15 da Zona Industrial), onde vendemos os nossos produtos», esclarece Paulo de Carvalho

A fumagem aromática 

Fazemos notar que, em relação ao  processo de fumar a sardinha, para nós, gente do Sul, pareceu-nos uma ideia estranha porque não é hábito, é um hábito mais nórdico do que propriamente aqui nosso. 

«Mas é uma fumagem diferente e a nossa é a frio, abaixo dos trinta e cinco graus é considerado fumagem frio. Apesar de ser um conservante, a fumagem que fazemos, quando se faz a fumagem em frio, é mais para aromatizar, para dar o sabor de fumo do que como conservante. Com fumo, é feita a fumagem a quente. A conservação é a sal», explica Paulo de Carvalho.

Carlos Benjamim aponta-nos orgulhoso o cartaz emoldurado no escritório da sede da Companhia das Pescas Pelágicas, a produtora das novas conservas que representa a distinção do ano de 2022, como produtor nacional, pela revista «Vinhos», e continua;

«Da atividade das pescas, que foi o motivo da fundação da sociedade, sobrou o leme, também pendurado, ao lado da moldura da condecoração e das fotografias das embarcações sucessivamente abatidas para a conversão. Tiveram uma traineira, a «Pelágico», a seguir um palangreiro, para a pesca do espadarte, o «Rio Zêzere». Fizemos, então, de raiz, um barco novo, em ferro, o «Rio Pravia», com umas condições diferentes de congelação, com uma autonomia para três meses de mar acabamos com esses e tivemos novamente outra traineira, que foi a última que teve atividade em Vila de Santo António e não foi do senhor Vairinhos. Chamava-se «Pelágico» como a primeira»

Quando terminaram a atividade da pesca, a sociedade, inicialmente armadora, construiu a fábrica que inicialmente era só um bloco começaram por fazer filetes de sardinha, na altura em que havia sardinha com abundância e a preços para indústria, têm uma máquina para fazer os filetes e chegaram a produzir dez toneladas diárias para o mercado e, através de uma empresa, vendiam para a cadeia de distribuição do Mercadona com a qual chegaram a estar quase em regime de dedicação. Até que a sardinha, em quantidade e preço acessível acabou, também devido às quotas.

«Estiveram uma temporada praticamente parados e depois retomámos a atividade a fazer outras coisas como peixe fresco, até que surgiu um cliente a querer cavala fumada. Fazíamos os filetes e eles faziam a fumagem noutro lado. Começaram a pedir outros artigos e passamos para a sardinha fumada e cavala fumada, em processos diferentes, já que a cavala fumada exige fumo líquido, cujo processo desconheciamos, não tinham estufa. Uma encomenda generosa permitiu fazer o investimento no forno e garantir a transposição do processo tecnológico para a fábrica de Vila Real de Santo António».

A pandemia que provocou uma paragem, onde não tiveram mais ajudas que a parte financeira do lay-off. Não tiveram ajudas da Segurança Social «é só conversa de televisão». Têm a noção de ter aguentado sozinhos a pandemia. A seguir apareceu a guerra e também sofreram pela quebra no óleo de girassol que vinha da Ucrânia, porque os preços dispararam.

Com o abastecimento assegurado no mercado espanhol, perguntámos se não era hora de crescer para Portugal, mas apontam duas limitações. Os produtos que produzem ainda são estranhos ao paladar português, os hábitos de comer tapas são diferentes e há poucos recursos financeiros para um investimento em divulgação nacional.

Confiança e vontade de fazer mais e melhor foi coisa que não vi que faltasse aos sócios que se lançaram nesta inovadora gastronomia das conservas «Real Filets»

FOZ/José Estêvão Cruz

jestevaocruz

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