Diocese do Algarve celebra Natal pela paz e a vida

d.manuel neto quintas

Na tradicional mensagem de Natal, o Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas escolheu acolher, promover e defender a vida.

Esta mensagem é dirigida aos diocesanos e a todos os que visitam o Algarve e passam esta quadra festiva com o convite a celebrar o Natal como a grande festa da vida, «iluminados pela luz que brilhou na noite de Belém». Na frágil criança de Belém, simbolicamente presente em todos os presépios do mundo, «contemplamos um Deus que decide assumir o que nós somos, para que nós tenhamos acesso ao que Ele é».

Lembrou que, na próxima noite de Natal, cumprem-se dez meses do seu início da guerra na Ucrânia como menciona o Arcebispo da Igreja Greco-Católica de Kiev, Sviatoslav Schevchuk, em carta dirigida ao Presidente da CEP e a todos os bispos portugueses.

Para o Bispo do Algarve «Contrastam com o espírito e os valores do Natal todas as guerras que persistem em diversos países, nomeadamente a guerra na Ucrânia, implacável na sua ação destruidora de bens e de vidas humanas inocentes, cujas consequências chegam até nós, com a subida dos preços dos bens de primeira necessidade, provocando o aumento da pobreza».

Afirma que «A vida que brota do mistério da encarnação do Verbo de Deus, ajuda-nos a entender, de modo mais pleno, a nossa humanidade, bem como os valores que, quando acolhidos, defendidos e promovidos, contribuem para tornar este mundo mais solidário e mais fraterno. Deste modo, a fraternidade cristã não se fundamenta, sem mais, numa igualdade de direitos, mas num dom do Alto, dom de Deus que é nos dado e nos capacita para nos acolhermos uns aos outros e juntos construirmos um mundo mais justo para todos».

Nela descreve o sofrimento, a destruição e a morte provocados por esta guerra “inimaginável no início do terceiro milénio”; reconhece o apoio e a solidariedade dos diferentes países da Europa e do resto do mundo, bem como o seu verdadeiro amor cristão, manifestado no acolhimento aos refugiados – “cada gesto da vossa solidariedade para connosco é sinal da misericórdia divina e da esperança em como Deus nunca nos deixa sozinhos”; testemunha o modo como as comunidades cristãs ucranianas se envolveram com os seus párocos na proximidade aos mais atingidos e na resposta social, de vária ordem, aos mais necessitados.

A arquidiocese de Kiev vive, como acontece entre nós, do apoio dos seus membros, impossível de realizar neste ambiente de guerra e de extrema necessidade. Por isso o Arcebispo Sviatoslav dirige-nos o pedido de um “urgente apoio financeiro”, pensando de modo particular na continuidade do auxílio aos mais necessitados, na manutenção do Seminário Maior (105 seminaristas) e na sustentação do clero constituído por 370 sacerdotes, que continuam à frente das comunidades desta vasta arquidiocese, constituída por quatro distritos e dez regiões entre as quais as que a guerra nos deu a conhecer: Donetsk, Lugansk, Zaporijia, Karkiv, Odessa, Mykolaiv.

Apela o bispo à «conhecida generosidade das comunidades cristãs algarvias, bem como a todos quantos, de boa vontade a elas se unirem, na resposta a este pedido. Os vossos Párocos indicar-vos-ão o modo de o fazer, certos de que assim contribuireis para minorar o sofrimento dos nossos irmãos ucranianos. Que a vossa ajuda possa significar para cada um de vós, mais um lugar à mesa na ceia de Natal com a vossa família».

A eutanásia merece referência especial, pois, para a Igreja «Contrasta, igualmente, com o espírito e os valores natalícios a recente aprovação parlamentar da eutanásia e do suicídio assistido, ainda sujeita aos trâmites legais para a sua aprovação definitiva. Estranhamos como os que legislam e nos governam não colocam o mesmo empenho e a mesma determinação, em dotar o nosso sistema de saúde de cuidados paliativos acessíveis a todos, tão fundamentais para combater e aliviar o sofrimento. Infelizmente constituem verdadeira “miragem” entre nós, levando-nos a considerar o recurso à eutanásia e ao suicídio assistido, como uma solução mais rápida e menos onerosa».

E adverte para que «ninguém se sinta constrangido a este recurso por falta da devida assistência. Acompanhar e confortar os que sofrem e os que deles cuidam, ajuda a restabelecer a esperança e é sinal de dignificação da vida humana até ao seu termo natural. O acolhimento, a defesa e a promoção da vida situa-se para além da ordem legislativa e jurídica».

D. Manuel Neto Quintas apelou para que as famílias e os profissionais de saúde, a quem deve ser sempre garantida a objeção de consciência, «rejeitem as possibilidades abertas pela legalização da eutanásia e do suicídio assistido e nunca deixem de testemunhar que a vida humana é sempre um dom precioso, em todas as suas fases, desde a conceção até à morte, que nunca deve ser intencionalmente provocada».

D. Manuel Neto Quintas

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