Gritaram na Ponte do Guadiana para serem ouvidos na UE

Centenas de agricultores da região de Huelva interromperam a fronteira com Portugal em apoio da sua reivindicação de preços justos na agricultura.

Estes agricultores foram mobilizados pela UPA-Huelva, união dos pequenos agricultores daquela província da Andaluzia.

Durante cerca de hora e meia a circulação na fronteira entre Portugal e Espanha esteve interrompida, sendo os condutores dos tratores e outras viaturas brindados com terrinas de morangos e framboesas, enquanto durou o bloqueio.

Esta foi a forma da província de Huelva se juntar às acções de protesto que vem alimentando, desde há semanas, os agricultores de toda a Espanha

A concentração começou na auto-estrada A-49, no limite do concelho de Ayamonte, para depois travar a passagem da fronteira entre Espanha e Portugal.

O lema desta manifestação fui pelo futuro do campo em Huelva e as palavras de ordem, por preço justo foram ditas em coro por agricultores e criadores de gado procedentes de todos os recantos da província de Huelva, deslocados em tratores e outros veículos agrícolas.

Começaram no marco quilométrico 129, um pouco antes da Ponte Internacional do Guadiana, considerado o ponto estratégico para lançar uma mensagem de que Huelva está na Europa e por isso o fizeram às portas de Portugal, uma forma de gritar, alto e bom e para fora das suas fronteiras, os problemas dos agricultores da província.

A organização considerou com muito positiva, tanto pela quantidade como pela qualidade do protesto a que se somaram agricultores de muitas cooperativas e outras empresas agrícolas, numerosos municípios, organizações agrárias como associação de citricultores.

A manifestação começou cerca das 9:00 da manhã, em Portugal, na área de serviço ao quilómetro 129 na direcção da Ponte Internacional do Guadiana. Uma coluna de agricultores com tractores entrou pela autoestrada utilizando a pista serviço para invadir, cerca das 10:00 da manhã, a pista direita da A-49 e, meia hora mais tarde, a esquerda, até deixar completamente bloqueada a passagem da fronteira. A situação manteve-se até depois das 12:00, sempre com uma forte presença da Guarda Civil espanhola, ainda que tudo se tenha desenvolvido com a normalidade e não tenha havido que lamentar nenhum tipo de acidente.

Numerosos condutores ficaram bloqueados na autoestrada, ainda que a Guarda Civil, para evitar o colapso total da fronteira, tivesse desviado parte do trânsito para a A-499, no km 125, na direcção de Portugal e até á N-477, no quilómetro 131, em sentido contrário.

O tráfego ficou restabelecido nos dois sentidos depois das 12:00 horas, ainda que os organizadores tivessem autorização para manter o protesto até às 12:30. A centena de tratores que participou na marcha, vieram dos municípios mais perto como La Redondela ou Villa Blanca, entre outros,enquanto os agricultores se deslocaram até ao lugar do protesto nos seus vídeos particulares

Porque protestam os agricultores

As principais reivindicações da UPA-Huelva foram apresentadas durante o protesto: são contra a prática abusiva de venda com perdas e portanto a sua proibição em toda a cadeia agroalimentar, querem o estabelecimento preço justos por lei para o que solicitam que se defina qual conceito de preço justo para cada um dos produtores agrícolas e criadores de gado, estreitamente ligados aos custos da produção.

Outras reivindicações passam para que, nos contratos de compra e venda dos alimentos, estes possam ser referenciados aos índices de custos de produção como sucede em França ou Itália e, ainda, que se reconheça a figura de mediador ou árbitro que actue a velar pelas boas relações na cadeia agro alimentar e que se actualizem os estudos sobre os custos de produção como medida para a dar mais transparência à cadeia agro alimentar, como melhor garantia para travar os abusos.

Querem a obrigatoriedade do etiquetamento de origem para todos os produtos frescos e manufacturados, com o objectivo de apurar o valor do trabalho dos agricultores e oferecer uma melhor informação aos consumidores, o maior controle dos produtos procedentes de Países Terceiros, articulando mecanismos que permitam conhecer, através da sua análise, a qualidade e segurança, assegurando uma concorrência leal com produtos da União Europeia.

Reivindicam ainda, o estabelecer de medidas que regulam e facilitem a venda directa dos produtos e da pecuária. Finalmente exigem do Estado espanhol a construção de das infra-estruturas que consideram necessárias na província do Huelva.

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jestevaocruz

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