Terminou a seca, mas deixou rasto

Barragem moderna em paisagem natural.

A seca meteorológica que se verificava na região do Baixo Alentejo e Algarve, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), foi considerada como terminada, no final do mês de março, como consequência dos valores elevados de precipitação que se registaram nestas regiões.

O IPMA usou o índice PDSI, que se baseia no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo e permite detetar a ocorrência de períodos de seca classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema).

Balanço e lições para o futuro

A seca que assolou as regiões do Algarve e Alentejo foi um período desafiador que deixou marcas profundas na paisagem, na economia e na vida das pessoas.

Durante este tempo, enfrentou-se a pior seca de que há registo, com barragens e reservatórios a atingirem níveis críticos de água, afetando severamente a agricultura, uma das principais atividades económicas destas regiões.

No Algarve, a Barragem da Bravura, em Lagos, chegou a estar a apenas 8% da sua capacidade, o que representou um duro golpe para os agricultores que dependem deste recurso vital.

A situação não foi muito diferente na Barragem do Arade, que desceu para 15% da sua capacidade, deixando cerca de 1.800 agricultores com uma quantidade de água insuficiente para as suas necessidades.

A seca prolongada foi exacerbada pelas alterações climáticas, com 2023 a ser registado como o ano mais quente para o planeta, aumentando o pessimismo quanto à possibilidade de recuperação a curto prazo.

No Alentejo, a situação também foi grave, com o território a sofrer de seca severa e extrema. Apesar de uma ligeira melhoria na primeira quinzena de Março, grande parte do sul de Portugal não viu variações significativas na quantidade de água no solo.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) relatou que, apesar das chuvas que caíram, o período de Outubro de 2021 a Março de 2022 foi o mais seco desde 1931, evidenciando a gravidade e a persistência da seca.

A seca no Algarve e Alentejo não só afetou a agricultura mas também teve impactos na biodiversidade, nos recursos hídricos e na qualidade de vida das populações.

A escassez de água levou a restrições no consumo, aumentou os custos de produção e forçou muitos a repensar as práticas de gestão de água e terra. Este período de seca destacou a necessidade urgente de medidas de adaptação e mitigação das alterações climáticas, bem como de uma gestão mais sustentável dos recursos naturais.

Com o anúncio do fim da seca, há uma sensação de alívio, mas também a consciência de que eventos semelhantes podem voltar a ocorrer.

É crucial aprender com esta experiência e trabalhar para garantir que as regiões do Algarve e Alentejo estejam mais bem preparadas para enfrentar os desafios que as alterações climáticas possam trazer no futuro.

Foto: Joaquim Félix

Sobre o autor

jestevaocruz

1 comentário

  • Acho muito muito estranho que se diga que a seca meteorológica acabou. Certamente há algo por detrás.
    Não passa de um desejo. É só olhar para Sotavento. Antes destes anos de seca , a barragem de Odeleite tinha dois picos por ano – Novembro e Maio – . Atualmente anda a rasar os 50%., para menos No Barlavento a situação ainda é pior.
    Será este relatório do IPMA um “comprimido” para acalmar os nervos ?
    Façam mas é o transvaze do Guadiana ( Pomarão) para a barragem de Odeleite ,avancem com dessalinizados ( mais do que uma , pois um back up é necessário) e deixem- se e cantar loas à “nova normalidade”.

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