O equilíbrio ecológico na reivindicação da água

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Nos últimos dias, devido às recentes chuvas que ocorreram durante a passagem das depressões «Irene» e «Juan», as redes sociais encheram-se de críticas ao não aproveitamento integral dos cursos de água que ainda não se encontram represados no Algarve, em situação crítica devido à seca, todos falamos.

Empresários, responsáveis, políticos pressionam em duas direções, a primeira na repressão dos consumos, em medidas destinadas a aumentar a eficiência hídrica das canalizações, quer em alta, quer em baixa, a segunda no sentido de aumentar as disponibilidades de água para o crescimento económico e benefício do estilo de vida moderno.

As barragens têm-se afirmado como estruturas que desempenham um papel crucial na gestão dos recursos hídricos em todo o mundo, oferecendo uma variedade de benefícios como geração de energia, controle de enchentes, e fornecimento de água para consumo humano e irrigação.

No entanto, a construção e operação dessas estruturas não vêm sem um custo ambiental significativo. Um dos dilemas mais prementes associados às barragens é o balanço entre os benefícios proporcionados pela retenção de água e a perda ecológica decorrente da interrupção do fluxo natural de sedimentos para o mar.

A geração de energia hidrelétrica é talvez o benefício mais citado das barragens, uma vez que se constituem como fonte de energia renovável, relativamente limpa. São também fundamentais no controle das enchentes e protegem milhões de pessoas que vivem em áreas propensas a inundações. Além disso, as barragens armazenam água para uso na agricultura, a espinha dorsal de muitas economias locais e globais, fornecendo água potável para comunidades ao redor do mundo.

Mas não há bela sem senão, porque as barragens ao alterarem significativamente os ecossistemas aquáticos e terrestres, reduzindo o fluxo de sedimentos ao mar, provocam uma consequência ecológica grave.

Não apenas afetam a biodiversidade aquática, mas também as praias costeiras, as quais dependem desses sedimentos para se manterem. Espécies de peixes e outros organismos aquáticos, muitos dos quais são vitais para a segurança alimentar de comunidades locais, enfrentam declínios devido à alteração de seus habitats naturais e à interrupção de ciclos de vida essenciais.

Desta forma, toda a nossa reivindicação nesta área tem de balancear estas duas alternativas, com moderação, e apostar na eficiência de ambos os modelos, no respeito integral pelos caudais ecológicos definidos, mas tão desrespeitados e num consumo responsável e bem calculado.

José Estêvão Cruz

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